Eu comecei a beber aos 13 anos de idade.
O meu pai sempre quis me levar para suas
visitas, e, diga-se de passagem, várias visitas aos cabarés da cidade. Um dos
mais famosos é o Cabaré do Posto Novo, onde um tipo de comunidade se
desenvolveu ao redor da BR-116, próximo a um posto da Polícia Rodoviária
Federal aqui em Icó.
Claro que a comunidade não tem culpa de tais
recintos se instalarem ao redor da pista para conseguir dinheiro dos caminhoneiros
em troca de sexo. Na verdade, a maioria das casas e pequenos comércios são de
família, porém naquele local se desenvolveram vários pequenos bordéis de beira
de estrada.
Ao completar o meu décimo terceiro
aniversário o meu pai resolveu me dar um "presente" um tanto quando
diferente, aliás, diferente pra mim que ainda era uma criança ingênua e
imatura. Até então, eu nunca havia ido com o meu pai em tais locais, apenas o
ouvia falar com amigos da vizinhança sobre suas aventuras, e sempre escutava
depois:
— Não diga nada para a sua mãe!
Eu ficava admirado em saber que professores,
comerciantes e políticos conhecidos frequentavam aqueles locais, e o meu pai
falava que lá todo mundo era igual, fosse um gari ou o gerente do banco. Lá
dentro todos estavam na mesma posição.
Chegando, então, ao prostíbulo fiquei espantado
com a fama do meu pai, um simples pedreiro, mas até a cafetina do lugar veio
pessoalmente lhe receber.
— Acho que o meu pai vem muito aqui.
Pensei comigo mesmo.
O local por fora era até bem simpático,
organizado, bastante luminoso e arejado, mas lá dentro é que o bicho pegava. Assim
que passei pela porta central do velho casario sertanejo dei de cara com a sala
principal do recinto, com alguns móveis, mesas, cadeiras e um bar improvisado
no canto esquerdo, o cheiro de bebida e comida caseira era grande.
— CALDO DE CARNE!!!!
Gritou uma espécie de garçonete, cozinheira e
recepcionista, na verdade, não sei dizer se era homem ou mulher. A direita
tinha uma porta vermelha com a metade aberta, que dava entrada para um muro
enorme. Neste muro haviam dezenas de pequenos quartos, alguns com portas e
outros apenas com uma simples cortina azul desenhada com flores vermelhas e
amarelas, típico do interior do Ceará, mas eu não entrei, apenas observei o
muro do prazer de longe e com os olhos arregalados.
— Venha cá meu filho, beba isso!
Disse o meu pai.
Prontamente fechei os olhos e dei um gole
rápido e seco, pois já havia bebido cachaça escondido na escola e não tinha
gostado muito do gosto.
— Pra que essa careta menino? É só água.
Falou ele rindo da minha cara junto com um
senhor que estava sentado ao lado.
— Achei que era cachaça pai.
Retruquei inocentemente.
— Ah então você quer beber água de macho?
Disse com uma cara de quem queria mostrar pra
alguém que eu supostamente era "cabra macho" como se fala no sertão.
— Chiara me manda uma dose de Zinebra.
Pediu à garçonete do bar
— Tome, é bom você beber antes do seu
presente chegar.
Eu bebi.
Aquele negócio desceu na minha garganta como
se estivessem fazendo uma endoscopia com pano de chão dentro de mim, fiquei
todo vermelho, mas não cuspi, engoli tudo para mostrar ao meu pai que eu era
duro na queda. Naquela altura eu já tinha ideia do presente que o meu iria me
dar, ele queria que eu perdesse o cabaço, e só em pensar nisso eu comecei a
ficar com um frio na barriga, que era esquentado lentamente pela dose daquele
troço que me dera.
— Pronto, acho que ela chegou.
Disse o meu pai referindo-se ao tal
"presente", e eu rapidamente tomei mais um gole pra criar coragem de
encarar. A cafetina chega para o meu pai e diz:
— O presente do seu filho adoeceu, mas mande-o
escolher qualquer moça aqui da casa que eu vou dar de graça pra ele comemorar
seu aniversário.
O meu pai fica meio chateado, pois havia
escolhido o tal presente há uns dois dias atrás por achar que era perfeita para
mim, então ele olha no canto do escritório da cafetina e vê uma mulher muito
linda, aparentemente não estava no prostíbulo há muito tempo.
— Pois eu quero aquela.
Aponta o meu pai para a tal moça enquanto a
cafetina retruca:
— Não, aquela é Monalisa. Chegou ontem do
Cariri. Disse que trepou só duas vezes com o seu ex-namorado e estamos ainda
iniciando. Ela não tem muita experiência.
O meu pai fica animado.
— É essa mesmo, ela vai ser o presente do meu
filho, é bom que eles aprendam junto.
A cafetina tenta argumenta mais uma vez, mas
o meu pai é irredutível e já foi logo chamando a tal Monalisa. Ela aparentava
pouco mais de 19 anos e era muito tímida, pois vinha de um pequeno vilarejo nas
proximidades da cidade do Crato. O meu pai me pega pelo braço junto com a
Monalisa e somos encaminhados para o melhor quarto do prostíbulo. Lembro que
tinha até um ventilador que não rodava e uma garrafa de refrigerante cheia de
água, no canto do pequeno quarto uma rede e um colchonete, e perto da porta uma
bacia d'água e um caneco de lata para os clientes se lavarem após terminar o
"serviço".
Então armei a rede e sentamos um ao lado do
outro. Eu fiquei muito nervoso, e a Monalisa parecia admirada com a minha
idade, mas envergonhada.
— Eu não vou fazer nada que você não queira.
Falei educadamente igualzinho a um filme que
vi certa vez.
— Não tem problema, eu só tô com um pouco de
vergonha, mas eu gostei de você.
Disse Monalisa docemente olhando em meus
olhos.
Não era possível, eu não iria conseguir.
— Eu preciso de mais uma dose de zinebra.
Falei baixinho...
— Você é virgem?
Perguntou tocando em meus joelhos.
Nossos olhos se fitaram novamente e ela me
beijou demoradamente. Lembro-me como hoje daquele momento. Após o beijo ela
prontamente apaga as luzes, mas o telhado cheio de goteiras dava um efeito
muito romântico, como se fosse uma penumbra no escurinho do cinema e a sua
silhueta traduzia o mais puro prazer, eu via o desenho de seu corpo que traduzia
a perfeição e o desejo ardente em meu coração. O céu estava claro, a lua quase
dourada e a sua luz entrava no quarto pelas frestas da porta e os buracos no
telhado. Ah! Os buracos no telhado!
Eu e ela ali sentados na rede, nos beijando
apaixonadamente como se fossemos namorados de muito tempo. Nem mesmo os gritos
alucinados dos quartos vizinhos nos atrapalharam ou inibiram, na verdade,
naquele momento só existia nós dois. Eu não via mais nada, eu não falava mais
nada, eu não ouvia mais nada. Apenas sentia a sua pele, suave, macia, apetitosa
e seus lábios suculentos como peras recém-colhidas do campo ainda com o orvalho
em sua pele. Ela então levanta o vestido e põe a minha mão em seus seios. Tomo
um susto, mas eu a toco de leve, sinto o macio de sua pele e com a outra mão
afago suas costas como se fossem mangas maduras com um cheiro adocicado e
suculento que nem sei explicar.
Eu não sabia como começar, então parei um
instante o beijo e olhei para o seu corpo esguio. Decidi pôr as mãos sobre a
sua coxa macia.
— Meu Deus como é bom!
Sussurrei em seus ouvidos e imaginei que sem
a bendita zinebra eu jamais teria sido capaz, aquela altura eu já estava meio
tonto.
—
Obrigado meu pai.
Pensei comigo mesmo.
Sentia medo apesar de tudo.
O meu coração batia desesperadamente,
enquanto ela, bem lentamente, se sentava no chão, abaixava as minhas calças e
colocava a camisinha, algo que eu nem havia lembrado, e finalmente eu me
debruçava sobre o seu corpo quente e molhado de suor naquela noite de verão. Ali
mesmo no chão, senti a firmeza de suas pernas a se enrolar nas minhas que
tremiam, mesmo eu fazendo força para que não, enquanto cada vez mais ela ia
procurando se encaixar em mim, que apenas era guiado por aquele momento de pura
excitação. Após alguns segundos de tensão, eu consegui finalmente. Estávamos
conectados um no corpo do outro, eu nunca havia sentido algo tão bom, tão
quente, tão aconchegante, então tudo melhorou. Pelo menos por alguns instantes
eu era o seu homem e ela era a minha mulher. Deitamos-nos novamente na rede, e
em seu vai e vem nos amamos e em poucos minutos um líquido branco jorrou do meu
membro. Tudo acabado.
— Já acabou bebê?
Perguntou-me docemente.
Eu estava no paraíso.
— Sim, desculpe, mas foi a minha primeira
vez.
Falei meio com vergonha e cabisbaixo.
— Não peça desculpas, você foi maravilhoso.
Fiquei alí parado olhando para o telhado e a
porta entreaberta.
— Nossa, eu adorei você.
Falou Monalisa mais uma vez. Eu apenas ria, e
então fiquei curioso:
— Você se chama Monalisa mesmo ou é um
apelido?
A interroguei.
— Você
é esperto meu bebê, é o meu apelido aqui na casa, não é o meu nome de verdade.
Disse docemente enquanto beijava o meu peito.
— Então você pode falar o seu nome de verdade?
Falei enquanto dava pequenas beijocas de leve
em seu pescoço. Ela então responde:
— Roberto!
Autor: Bruno Kaoss