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segunda-feira, 28 de outubro de 2013
CADERNO

CADERNO

CADERNO
 

Não há o que se pensar
Se o coração gritar
alto e forte...
Só há o que se sentir 
e me permitirei que sinta
nessa viagem que faço hoje, 
a possibilidade.
E me agarro como um abraço apertado.
Assim, quando tudo estiver cinza
E você estiver cansado e sem razão
Ainda assim,
Desse modo,
será minha possibilidade.
Por isso saiba que
Não sou de desistir.
Muito menos de insistir.
Porém, deixo apenas a vida seguir, 
Mostrar-me que a felicidade
não se vem embalado a vácuo
Ou com endereço marcado.
Por isso guardo um caderno
com todas as minhas possibilidades
E lá vai está anotado seu nome
Numa lista de muito poucos nomes, 
Mas cheios sonhos
E repleto de poesias.

Chico Carneiro
27/10/2013
12:15 hs...
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Facebook cheio de pessoas vazias.

Venho notado à bastante tempo que as redes sociais não cumprem mais seu papel. O que serviria para ligar pessoas de todo o mundo, reencontrar velhos amigos e até mesmo interagir com outras culturas, não mais acontece. O que vejo hoje é uma batalha. Pessoas que na vida real são tidas como "anônimas" disputam atenção de outras pessoas "anônimas".
Fulano de Tal acaba de postar uma foto. Está no Restaurante da Alegria, rodeado de pessoas alegres, que só largam seus celulares conectados às redes para tirar a foto e postarem em seguida.  Não mais saem de casa sem levar seu indispensável smarthphone, conectado 100% do tempo na internet. Esquecem seu cérebro em casa juntamente com o senso...
Na sorveteria, não perguntam pelo sabor favorito, mas pela senha do wifi.
Na festa nada bebem, mas precisam rapidamente tirar uma foto do litro de bebida cheio para esfregar na cara das pessoas que estão em casa o quão divertido e bêbado está (mesmo que nunca tenha colocado 1% de álcool na boca).
Na piscina, não aproveitam o dia de sol. Só precisam de meia perna n'água e um efeito que faça a foto parecer mais cool.
Nos shows nada aproveitam. Levantam seus celulares e tiram um milhão de fotos. Se perguntarmos quais músicas foram tocadas é provável que escutemos: "Não lembro, mas filmei tudo e joguei no Youtube. Dá lá uma olhada."
Odeiam estudar, mas colocam uma pilha de livros na cama, um óculos, um café e está tudo certo: Sou a pessoa mais inteligente da terra.
São os chamados "zumbis da tecnologia". Com certeza você já ouviu esse termo. Algumas pessoas até admitem que fazem parte dessa massa escrava. Outras não fazem ideia do mal que isso pode acarretar.
O que antes era tido como um passatempo, hoje aprisiona as pessoas. Não existe mais contato físico. Até pra conversar com o visinho usamos o chat do facebook. Até mesmo com o irmão que se encontra no quarto ao lado.
E se aquele seu presente FODA acabou de chegar dos correios, parabéns! Você tem mais uma nova foto no instagram, e o bonus de 100 likes.
Ontem leu um texto de cinco linhas sobre o aborto, hoje já tem opinião formada sobre o assunto...  Fala que a TV é coisa de alienado, mas não explora o que a internet tem de melhor para buscar conhecimento e gasta a maioria, se não TODO o tempo conectado à uma única página, raramente tirando a mão do mouse, raramente buscando e recebendo conhecimento verdadeiro. Sabe tudo sobre política e religião. Leu todas as citações no Pensador de Clarice Lispector, mas tirou um 3,0 na prova de Literatura.

É tanto constrangimento que poderia gastar no mínimo 10 páginas completas dessas situações . Mas decidi simplesmente desativar minha conta e ignorar que a minha geração passa por um momento vergonhoso, mas acima de tudo, triste.


Alexia Yamanaka
domingo, 27 de outubro de 2013
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UM DEUS QUE MATA INDISCRIMINADAMENTE


Morrer, morrer, morrer...

Um medo que assola a todos, e por ser uma dádiva que estará presente a qualquer ser que esteja vivo, a morte assombra.  Assombra porque não sabemos o que há do outro lado, se é que existe outro lado. Mas deixemos de divagações e vamos para os fatos:

O fato é que, há muito queria ter assistido ao filme “Entrevista com Vampiro”, um filme antigo e que muitas vezes percebi, ao assisti-lo ontem, as peripécias tecnológicas chinfrins usadas para dá o efeito de uma atmosfera surreal, onde os vampiros tinham poderes mágicos... Enfim, não vim aqui neste texto fazer crítica de cinema, até porque não é minha área, mas uma coisa me despertou um interesse gigantesco e que o filme solapou no meu cérebro um questionamento incrivelmente novo: como podemos sentir a morte e o que é, de fato, a morte.

Bom, respostas exatas eu não tenho, mas uma das afirmativas do temido vampiro Lestat era – “Você acredita num deus, então você deveria matar sem medo e sem remorso, posto que, ele te fez a imagem e semelhança dele e só você não percebeu que ele mata indiscriminadamente a sua criação. Ele não escolhe cabeças, personalidades, cor de pele ou mesmo santidade. Ele simplesmente sai matando e digo matar porque ele é o todo poderoso e se permite a morte é porque está consentindo com ela. Mate também, se alimente e sinta a morte como a vida”.

Essas palavras me deixaram intrigado com as indagações do ardiloso vampiro, mas o que podemos tirar para hoje dessas afirmativas?

Esperamos piedade e o que nos aguarda é a morte, impiedosamente dolorosa e que jamais poderemos ouvir como se dá essa experiência para nos prepararmos, dai bate aquela dor insuportável do medo... Medo, muito medo. Pensamos até em nunca termos nascido para não experimentarmos o fato de que não mais existiremos um dia, pode ser hoje, amanhã, daqui a 2 anos...Sei lá!

Pois é caríssimo, não percebemos o poder que está em nossas mãos simplesmente pelo conforto de acreditar num paraíso e para que cheguemos a alcançar esta dádiva teremos que baixar a cabeça ao julgo deste deus matador e esperar caladinho pela dama vestida de cetim chamada morte.

Trágico, não é! Não creio nos finais felizes, eles sempre estão repletos de mentiras, ilusões e acima de tudo numa esperança que dói mais do que a única certeza que teremos nessa vida: a morte.

 

Chico Carneiro

08/06/2013

13:32hs...
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Carência: Doença do novo século


 
O que mais me impressiona numa paixão é a sua demasiada força de cegar e alienar as pessoas. A força que exerce nos mais fracos, que arrasa e passa por cima de tudo e de todos.

Não compreendo mais como antigamente, quando era constantemente assolado por essa doença que me tornava capaz de atravessar os 7 mares, trazer a lua e mover montanhas quando se tratava de uma paixonite aguda que infestava meu coração.

As experiências me serviram para alguma coisa e agora permeiam em mim clareza e força para combater tão infecção que pode ser letal e acabei me dedicando a estudar tal praga e encontrar a sua cura, sendo assim, tornei-me um doutor perito em moribundos de paixonite aguda.

E se quer meus conselhos e dicas de como se contamina e de como identificar os sintomas, fique atento nas próximas linhas:

Se derrepente você estiver num parque de diversão, numa praça, num acampamento, numa festa de aniversário e você encontra alguém interessante e que você acabe ficando com ela no mesmo dia e sem sequer ter coletado nenhum dado sobre tal pessoa você queira se encontrar no dia seguinte e acabam ficando novamente, tome cuidado, você pode estar correndo um serio risco de se contaminar. Mas se você permanece nessa situação e tem um atenuante de carência, amor mal resolvido ou em processo de manutenção, ai você tem que dobrar os cuidados, você esta correndo um serio risco.

Agora se toda essa situação perdurar e houver queda de imunidade tipo: álcool, maconha, depressão ou uma família desestruturada, ai sim, você pode ir fazer um exame, provavelmente estará contaminado.

Os sintomas são taquicardia e ansiedade constante, desatenção total e problemas para ouvir as pessoas, visão turva e desequilíbrio, provavelmente porque esta infecção ataca o labirinto, parte do ouvido que nos dar o senso do equilíbrio. Comichões constantes e excitação sem causa aparente, porém outros sentidos são aguçados e isso pode te dar um alerta como: ouvir o que não foi dito, ver o que não aconteceu, sentir o cheiro da pessoa constantemente e olhos o tempo inteiro marejados, vulgo: olho de peixe morto.

Ate, então, a infecção só atacou parte dos órgãos ainda não se generalizou, porque quando ela se generaliza, as conseqüências são piores e quase irreversíveis, tais como: perca da moral, dos bens matérias e do emprego, marginalização, paganismo e até suicídio.

Recentes estudos feitos por mim, com base no meu doutorado na área e como cobaia utilizei a mim mesmo, comprovei que a cura só se dar de uma única e eficaz maneira: use a matemática, nunca entrem nas letras, elas são o meio mais infeccioso que se possa imaginar e toda vez que for contaminado, some os problemas, multiplique as conseqüências, subtraia a fidelidade (massa de sentimento e de caráter que só se encontra no amor) e divida por um, ou seja, você mesmo.

Pronto, tudo será resolvido, você cai na real. Opa! Desculpe o termo não técnico, você entra em processo de cura. Em menos de 24 horas você está completamente curado e pronto pra enfrentar outra.

É amigo, cuidado, os últimos números da OMS constatam que essa é a pior pandemia do novo século.

Chico Carneiro

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Política surdo-mudo



 

    Assistir um filme seria o mais conveniente naquela tarde enfadonha e quente. Coloquei o filme no aparelho digital e logo comecei a me entreter. Chegaram meus primos que também é uma forma de entretenimento para mim, porém meu interesse naquele dia pelas peripécias que eles me proporcionavam eram miúdas comparada com o marasmo de sábado que me era proporcionado.

    A porta abriu rispidamente e um amigo meu fala ofegante: “Vamos para uma festa num sítio.”

    Apesar de ser num sítio, lá é onde se encontram os redutos e guetos mais afáveis que um “libertinus” possa busca, são educados dentro de suas possibilidades e extremamente sensíveis e delicados; como diria: Um Luxo!

   Nunca havia ido antes ao tal sitio onde iria acontecer a festa, mas de supetão me veio à vontade de confirmar minha ida e arriscar essa aventura campestre e logo disse: Eu vou!

    Ao cair da noite, os preparativos estavam todos prontos e agora era esperar o transporte – uma moto – para irmos à aventura.

    Chegou a moto e partimos em seguida, a estrada estava péssima e parecia mais estar montado numa britadeira do que em uma motocicleta. Andamos e andamos, até que chegamos à casa da avó do meu amigo, uma vilarejozinho, antes do lugar esperado para a festa. Cheguei coberto de quilos de terra, mas tudo era novo e não sabia em que proporção isso era ruim ou bom, poderia ser pior. Estava com as nádegas tremendo ainda dos solavancos que a tal MotoCross fazia e sentia as minhas pernas formigarem, mas isso era pouco perante a euforia que estava sentido para chegar logo na dita festa.

Entramos na casa da avó do meu amigo, casa comprida de muitas portas, caiadas de cores opacas, de alpendre baixo, cadeira de balanço do lado de fora e um senhor indiferente sentado que respondeu com instintivo aperto de mão ao: “Abença!”, que meu amigo dissera.

    Fiquei espantado com a frieza que o senhor fizera com meu amigo. Não falou nada, nem resmungou ou grunhido qualquer que os velhos normalmente fazem. Esperei do lado de fora, no alpendre e logo olhei para aquela figura quase que mumificada e exótica. Vi o braço dele se erguendo lentamente e o olhei com espanto porque pensei que iria me reclamar algo, mas apontou para a cadeira de balanço ao lado dele, sem emitir nenhum som.

    Acendi um cigarro e ele me olhou com uma cara que me preocupou na hora, mas logo foi desfeita com um leve sorriso no canto da boca engelhada de rugas e ele mais uma vez ergueu o braço e apontou para um cartaz de política rasgado que havia na parede da casa, então ouvi os primeiros espasmos de som estranhamente emitidos por ele e pensei que deveria esta tirando uma onda de minha cara, mas em segundos captei que não seria uma brincadeira, mas se tratava de um senhor surdo e mudo.

    Ele levantou-se com passos firmes e fez uns cinco gestos que foram o suficiente para entender de que se tratava de um ferrenho político e que conseguia transmitir sua mensagem com mais clareza do que certos políticos.

   Ainda não tinha captado qual lado partidário ele se retratava, posto que, o cartaz estava rasgado e fiz um aceno de dúvida para saber de qual lado ele estava querendo me falar.

    Havia somente dois grupos políticos na minha cidade e ele correu em direção à porta que estava aberta e a fechou e me mostrou o adesivo menor com o numero partidário e ele começou a acenar mais e mais, numa eloqüência que nem mesmo os políticos da minha cidade seriam capazes de tê-la.

     O senhor defendeu causas e idéias, salários, educação, pavimentação e até iluminação pública.

    Fiquei pasmo com o poder de convencimento daquele político surdo-mudo.

   Terminado o comício mais silencioso que já havia visto, joguei a ponta do meu cigarro fora e entrei. Fui comentar com o resto da família do meu amigo o quão grande sabedoria detinha aquele senhor tão singular e de opinião formada e me surpreendi mais uma vez, todos daquela casa política eram surdos e mudos.

    Sai da casa e acendi mais um cigarro e fiquei convencido de uma coisa, de que se todos os políticos fossem como a tal família excentricamente política, os comícios deixariam de ser menos barulhentos e com menos erros de português e provavelmente com mais ações feitas pelos políticos, visto que as ações feitas seriam mais perceptíveis do que os falados em palanques gigantescos de artistas pop.  

 

Chico Carneiro.
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
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FAZENDO CULTURA


Nesta manhã quente de outubro surpreendi-me com acontecimentos que, talvez, fossem melhor não serem divulgados aqui. No entanto, me vejo na obrigação como um artista de expor uma famigerada conversa que travei com nosso gestor da cultura.
Proponho que, a todos que lerão esse texto, abandone por um segundo suas convicções políticas e religiosas, e tente enxergar a verdade que estão além dos fatos das coisas, das conversas ditas, das aparências, etc...
Entender a arte é um processo que somente os hominídeos são capazes de compreender, no entanto, o fazer artístico abarca facetas que estão muito aquém da humanidade. Fazer arte é conversar com o divino independente de quem seja o “santo”. Fazer arte é dialogar com o profano, pois esse se denota a nossa humanidade.
Fazer arte é escancarar a nossa essência sem fronteira e engajá-la de tal maneira a fazer das pessoas que apreciarão um instrumento de composição. É torna o sujeito que vive como coadjuvante em protagonista de sua história e fazer com que ele saia de sua condição de subalterno.
Poderia passar horas e horas, parágrafos e mais parágrafos escrevendo sobre o que é arte e sobre o que é o fazer artístico. Creio, no entanto, que seria redundante e obsoleto explicar tais coisas para um gesto da cultura que deve ter já, dentro de si, uma sensibilidade e predisposição a diversidade da cultura de um modo geral. O que de fato não foi percebido por mim e outras inúmeras pessoas que presenciaram o embate.
A cultura da “outro” é minha cultura também, no entanto, elas não devem se relacionar de maneira a sucumbir a cultura do mais fraco, do que vive na margem. Se assim o fosse, os verdadeiros fazedores da cultura brasileira deveriam está todos esquecidos, na sarjeta. Porém, percebemos na própria fala do nosso gestor que o caráter da recusa em ceder o local para a exposição do Projeto Coprofagia está atrelada a convicções religiosas e ao poderio político.
O projeto coprofagia é uma exposição em telas, com 30 obras e mais um painel gigante com imagens que irão inferir nos seus apreciadores as sensações mais cruas da nossa humanidade. Nossa arte é engajada e destemida. Falamos sobre três pilares que sustentam a nossa dogmática e estúpida sociedade: Religião, política e sexualidade – logo incomoda muito.
Vale ressaltar que o projeto não se abstém do seu caráter político, religioso e sexual. Temos todas essas facetas dentro do projeto. No entanto, compreenda caro gesto: ISSO É ARTE E NA ARTE EU POSSO FALAR DO QUE EU QUISER E COMO QUISER!
Arrumar desculpas baratas para impedir a exposição de um projeto que foi totalmente independente e financiado exclusivamente por mim não vai atravancar a exposição, ela irá acontecer quer você queira ou não. 
Sem contar que, nós solicitamos um espaço público, ou seja, que é meu também e que tenho todo o direito de expor minha arte lá!
QUEM QUER FAZER ARTE FAZ!
É caríssimos! O poder cega mesmo as pessoas. Elas acham que a ascensão dos cargos está acima da ascensão da alma. Um tanto quanto paradoxal, posto que, uma das justificativas para a recusa do local é que a exposição irá ferir o brio político e religioso do gestor em questão.
Que absurdo!
Eu respondo por mim e por todas as obras feitas, ele como gestor deveria apenas aceitá-las e fomentá-las. No entanto, ele cerceou-as.
Isso é ultrajante!
Nunca tinha visto, em toda minha vida, tanta insensibilidade reunida numa pessoa só.
O mais incrível disso tudo é que ele ocupa uma pasta importantíssima dentro da nossa prefeitura, no entanto, interesses pessoais sempre vencem quando se fala do interesse coletivo.
Uma das falas dele foi: TUDO QUE É FEITO DENTRO DO ICÓ TEM CONSEQUENCIAS POLÍTICAS E RELIGIOSAS!
Estamos numa ditadura disfarçada, diria melhor numa democracia na qual sua carta magna é o dinheiro.
ABUTRES, CARCARÁS!
Quem me conhece e conhece minha arte sabe da qualidade que elas têm. Não por presunção e sem falsa modéstia. Eu sou um bom artista.
MEU CARO: A GENTE NÃO QUE SÓ COMIDA, A GENTE QUER ARTE!
Nossa cidade tem fome, tem muita fome.
No entanto, são esse miseráveis esfomeados que enchem as urnas de votos. A arte liberta, a arte assusta os corruptíveis em todas as vertentes de corrupção, seja na política, na religião, nas ideologias ou mesmo no caráter.
Interessam-lhes muito mais uma cambada de manipuláveis do que uma legião de pensantes.
Quem pensa por si mesmo é livre e ser livre é coisa muito séria, já dizia Renato Russo!
Peço a todos que lerem esse texto que não permitam ser escravizados pelas falácias, vejam além disso. Saiam de seus casulos cômodos e enfrente o mundo. 
Não irei parar nunca de produzir e produzirei cada vez mais uma arte que grita nos ouvidos dessa cambada de covardes, uma arte que se esperneia, que vai contra corrente, destemida, mas acima de tudo: VERDADEIRA!
A exposição irá acontecer. 
Logo, logo darei uma data e local.
Aguardem!

Autor do projeto: Chico Carneiro. 
Coautor: Carlos Dias
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
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PEDERANISTIA - ESQUETE


AUTOR: Chico Carneiro

 

 

Sinopse

 

Uma estória onde o conflito interno e a obrigações externas se confrontam com total força. Um caso onde muitas pessoas vivem escondidas atrás de uma falsa felicidade, mais preocupada com sua aparência do que com sua felicidade. E mostrando as conseqüências de uma vida mentirosa e desleal com o que você é de verdade.

A estória retrata a vida de um cidadão comum, mas que encontrou a homossexualidade no seu caminho, como acontece com muitos por ai a fora, mas que não sabe aceitar sua condição e acaba por entrar num caminho muito mais tortuoso. Dando assim, um trágico fim para o personagem, com a esperança de encontrar alguém ou um lugar menos inóspito para amar e ser feliz do seu jeito  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cenário

 

·        Cadeira de rodas

·        Mesa pequena

·        Copo de vidro

·        Cápsula

·        Cigarro e isqueiro

·        Cinzeiro

·        Aste de soro

·        Soro

·        Manta de frio branca

 

Figurino

 

·        Roupa de hospital

·        Roupa de enfermeira

 

Personagens

 

·        João Hélio

·        Enfermeira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pederanistia

 

(Entra enfermeira empurrando a cadeira de roda até a marcação)

(Musica Legião Urbana – 19)

 É difícil falar de alguém próximo. É bem mais fácil falar de quem não conhecemos. Destruir com a vida dela e depois falar com ela como se nada tivesse acontecido. Mas sempre é assim que as coisas acontecem.

Se fala, fala e somente fala. Por que não procura entende-la? Ouvi-la?

Procurei viver o máximo na ausência das pessoas para evitar fofocas e más falações. Tinha uma vida normal ou aparentemente normal. Estudei, me formei e trabalhava pra ganhar meu sustento como todo mundo faz. Comecei cedo na vida e cedo também vieram às descobertas, bem como seus momentos austeros e insípidos.

(Toma uma cápsula)

Na minha infância sempre fui muito cobrado e exigido; “Tenha as melhores notas, fala direito menino, endurece essa munheca e vai jogar bola”.

Às vezes o que precisava não era jogar bola e sim um olhar de entendimento e de acalento. Alguém que me fizesse ser um pouco mais normal ou comum, quem sabe até gostar das mesmas coisas, dos mesmos assuntos ou olhares. Se bem que, realmente gostava de ver futebol, principalmente dos jogadores, não conseguia entender o porquê de eles tomarem mais a minha atenção do que a bola. Então, acabei percebendo que realmente algo me diferenciava dos outros. Mas também acabei por deixar essas sensações passarem por mim e na época não me assustava como na minha adolescência. Estava mais preocupado com o próximo episódio dos cavaleiros do zodícoacos do que com isso tudo.

(Tosse forte)

E foi assim que passei a minha infância, entre peraltices normais e sensações anormais. Mas então chegou a mais fulgurante e bela fase pra pessoas, assim como eu, a adolescência. Repleta de descobertas com seu pinto e com seus sentimentos mais imundos e jamais pensado antes.

Estava mais interessado agora em saber a fonte mais prazerosa, mesmo que fosse uma cadeira, pra tentar matar o viço da tenra idade. Mas ai existe pessoas que conhecemos e principalmente a sua família que te cobram a namorada, o futebol e as vezes até te presenteiam com revistas pornôs e esperam te pegar se masturbando enquanto você olha.

Se bem que isso aconteceu, só que mais uma vez era outro foco diferente a ser visto por mim, e certo dia me vi vendo uma dessas revistas quando um primo meu chegou e eu estava excitado, não pelas belas pernas da morena que estava na revista e sim por um belo par de bíceps de um  loiro que lá estava pra me desviar olhar. E quando menos esperava vi já o meu primo em plena desenvoltura e o toque foi quase que sublime, pois foi exatamente naquela hora que percebi o que eu realmente era e do que gostava.

Passado um tempo, (Olha num espelho – verso do espelho com o nome “soro positivo”) percebi as conseqüências das nossas atitudes, e principalmente das nossas escolhas, e eu já sabia que a partir ali as coisas não seriam fáceis.

Logo vi que minha família esperava muito mais do que uma simples namorada e queria agora que eu constituísse uma família e que ela fosse modelo de retidão e felicidade. E foi assim que conheci Mariana, uma moça meiga e afável, que não merecia passar todas aquelas atrocidades que um falso casamento poderia trazer.

Até que no começo foi maravilhoso, muitas descobertas, principalmente para mim, pois ainda não estava acostumado com uma vagina, se bem que não era tão ruim assim, só que ainda preferia um peito másculo do que as belas protuberâncias da ex- esposa. (Olha pra mão com a aliança)

Sustentei ainda toda aquela fantasia e sonho da minha família, e não o meu, por uns quatro anos. Foi exatamente no período que conheci o Vanderson. Um moreno de tirar o fôlego e fazer as pernas tremerem.

Ele trabalhava como Office boy na mesma empresa que eu trabalhava como supervisor. Logo matinha muitos contatos e sempre eu estava a precisar dos seus serviços. E todo índio reconhece outro, mesmo que seja a quilômetros de distância.

E num final de tarde de outono, estava eu carente e sem rumo, precisando apenas de alguém que me entendesse e não viesse com o mesmo olhar que meu pai fazia, quando eu falava de moda e novela. Estava muito mal naquela tarde e parecia que naquele dia o mundo inteiro tinha resolvido brigar comigo.

Desci na garagem pra pegar meu carro e não havia observado que o Vanderson estava atrás do meu carro, urinando. A principio me assustou, mas percebi que na hora eu poderia esta diante de uma oportunidade de afogar as minhas tristezas e ressentimentos numa simples transa, mas jamais daria o primeiro passo, afinal eu era casado e muito bem visto dentro da empresa. Tinha que encontrar um meio que fizesse o cara perceber que estava afim, mas ele quem deveria tomar a iniciativa. E fiz o que exatamente um gay mal resolvido faria. “Opa, beleza”; ele se assustou e logo veio me pedir desculpas, pois estava muito apertado e não tinha como segurar mais. Então retruquei na hora e disse a ele que o problema não era ele colocar o pinto pra fora, seria o mau cheiro que a sua urina iria deixar.

Ele sorriu de lado (Pega o cigarro e acende) e logo me olhou fixo, e percebeu que estava sim, precisando dele, mas não como Office boy.

E no carro mesmo aconteceu. Cheguei em casa mais arrasado do que já estava, com a sensação de vergonha e mau caratismo.

Doía-me ver minha esposa a me esperar com o jantar que havia preparado com dedicação e ainda disposta a me dar prazer se quisesse. Então, logo comecei a fase de estar sempre ocupado, cansado, a tratá-la com ignorância. Mas na verdade isso tudo era medo, medo da vida, medo da solidão, eu não queria terminar a minha vida sozinha, pois eu já estava sozinho, não tinha ela como companheira, pois não me sentia completo. Mas a droga do medo da solidão acabou com minha vida. Tomou-me o resto de esperança que ainda tinha. Só que já havia começado a traçar a minha estrada e errada por sinal, não tinha como voltar atrás. Eu sabia, sempre soube, que se eu fosse covarde as conseqüências seriam piores, pois o medo nos ilude. Deveria ter tido coragem e tentar viver isso da melhor maneira. Mas acabei emaranhado pela teia do medo e principalmente da solidão. (Suspira fundo) Ah solidão. O resto já era previsto.

(Musica Legião Urbana – 16)

A coisa foi se estendendo, e logo percebi que tipo de pessoa ele era. Um michesinho, que se aproveitava de pessoas assim como eu. Mas já era tarde, tarde demais pra me livrar dele. Estava apaixonado e me vi num beco sem saída.

A conseqüência foi minha esposa pegar ele e eu na cama, e a separação (Tira a aliança do dedo e coloca dentro do copo) foi consumada.

E com a separação veio também as fofocas e o desprezo da minha família, o preconceito nas ruas e no meu emprego. Acabei sendo despedido e para viver  recebia dinheiro da minha irmã.

 

Assim, assumi a minha vida pederasta, (diz com raiva e gritando), com toda força, freqüentei os lugares mais promíscuos que se possa imaginar, o sexo funcionava mais que um entorpecente do que mesmo prazer pra camuflar meus medos e angustias, e saia deliberadamente me enchendo de sexo e solidão. Mas então porque me culpam, porque me mal tratam. Já não é o bastante viver assim, já não é o bastante ter que enfrentar o mundo que te aponta e te descrimina. O que tenho que fazer? Diga-me. Já disse toda a verdade, não estou mentindo mais. Sou gente também, sou como qualquer um.

(Arranca o soro do braço)

Mas quando tudo esta perdido sempre existe uma saída. Hoje, tive febre, a tarde inteira e parecia que a felicidade havia sumido do mundo.

Só queria estar bem, (Tremulo acende um cigarro) e viver como qualquer outro. Mas nada é fácil e sei que teria que enfrentar isso.

Agora estou inválido e doente, não do meu corpo, mas da minha alma. Eu só queria amar sem sentir o medo ser feliz e poder atirar-me na vida.

Mas vou sem medo agora, vou viver, vou encontrar o meu... (o cigarro cai da mão)

(Musica Legião Urbana – 13) e na seqüência entra a enfermeira e cobre o corpo desfalecido e o retira de cena.

Blackout

FIM
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