terça-feira, 22 de outubro de 2013

OS BONS DE VERDADES

OS BONS DE VERDADES



Bem aventurados os que plantam a verdade,
Pois deles, vós verão sair as mais terríveis palavras,
As mais temíveis verdades
E assombrosas constatações.
Bem aventurados aqueles que vivem o que dizem,
Pois esse serão os mais solitários,
Os mais odiados
E os menos entendidos.

Sou exatamente o contrário do que eles me pedem para ser.
Sou o contrário, sou a força da correnteza,
Que arrasta para fundo.
Para o fundo da alma.

Mil vezes me transformarei,
Mil vezes eu mudarei.
Quando me disserem pra ser homem:
Serei mulher...
Quando me disserem pra ser honrado:
Serei vadio...
Quando me chamarem de puta, então,
Serei santificado.

Sou eu a santa puta,
A puta que te pariu,
O macho que te fudeu,
O pastor que te demonizou,
A mãe que te rejeitou
A família que te esnobou,
A professora que não ensinou,
A abelha que te ferroou,

Sou eu todas as misérias do mundo imundo.
Do beijo acre e sem sal,
Com gosto de cigarro,
Com gosto metálico,
Vaporoso hálito.

Eu sou a charada nunca resolvida,
A tormenta da hora de dormi
A angústia de se está vivo e saber que vai morrer.
Eu sou o tédio,
Eu sou a doença que assusta,
A boca que degusta todos os prazeres,
Que sorrir com todos os pesares,
Que trepa nos altares
Sem medo de ir pro inferno.

Se quiserem me ver de verdade,
Eu vos digo:
Larguem suas carapaças
E venham proclamar a verdade incontestável dos fatos.


Chico Carneiro
22/10/2013
13:29 hs...

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