sábado, 18 de janeiro de 2014

ROBERTO


Eu comecei a beber aos 13 anos de idade.

O meu pai sempre quis me levar para suas visitas, e, diga-se de passagem, várias visitas aos cabarés da cidade. Um dos mais famosos é o Cabaré do Posto Novo, onde um tipo de comunidade se desenvolveu ao redor da BR-116, próximo a um posto da Polícia Rodoviária Federal aqui em Icó.

Claro que a comunidade não tem culpa de tais recintos se instalarem ao redor da pista para conseguir dinheiro dos caminhoneiros em troca de sexo. Na verdade, a maioria das casas e pequenos comércios são de família, porém naquele local se desenvolveram vários pequenos bordéis de beira de estrada.

Ao completar o meu décimo terceiro aniversário o meu pai resolveu me dar um "presente" um tanto quando diferente, aliás, diferente pra mim que ainda era uma criança ingênua e imatura. Até então, eu nunca havia ido com o meu pai em tais locais, apenas o ouvia falar com amigos da vizinhança sobre suas aventuras, e sempre escutava depois:

— Não diga nada para a sua mãe!

Eu ficava admirado em saber que professores, comerciantes e políticos conhecidos frequentavam aqueles locais, e o meu pai falava que lá todo mundo era igual, fosse um gari ou o gerente do banco. Lá dentro todos estavam na mesma posição.

Chegando, então, ao prostíbulo fiquei espantado com a fama do meu pai, um simples pedreiro, mas até a cafetina do lugar veio pessoalmente lhe receber.

— Acho que o meu pai vem muito aqui.

Pensei comigo mesmo.

O local por fora era até bem simpático, organizado, bastante luminoso e arejado, mas lá dentro é que o bicho pegava. Assim que passei pela porta central do velho casario sertanejo dei de cara com a sala principal do recinto, com alguns móveis, mesas, cadeiras e um bar improvisado no canto esquerdo, o cheiro de bebida e comida caseira era grande.

— CALDO DE CARNE!!!!

Gritou uma espécie de garçonete, cozinheira e recepcionista, na verdade, não sei dizer se era homem ou mulher. A direita tinha uma porta vermelha com a metade aberta, que dava entrada para um muro enorme. Neste muro haviam dezenas de pequenos quartos, alguns com portas e outros apenas com uma simples cortina azul desenhada com flores vermelhas e amarelas, típico do interior do Ceará, mas eu não entrei, apenas observei o muro do prazer de longe e com os olhos arregalados.

— Venha cá meu filho, beba isso!

Disse o meu pai.

Prontamente fechei os olhos e dei um gole rápido e seco, pois já havia bebido cachaça escondido na escola e não tinha gostado muito do gosto.

— Pra que essa careta menino? É só água.

Falou ele rindo da minha cara junto com um senhor que estava sentado ao lado.

— Achei que era cachaça pai.

Retruquei inocentemente.

— Ah então você quer beber água de macho?

Disse com uma cara de quem queria mostrar pra alguém que eu supostamente era "cabra macho" como se fala no sertão.

— Chiara me manda uma dose de Zinebra.

Pediu à garçonete do bar

— Tome, é bom você beber antes do seu presente chegar.

Eu bebi.

Aquele negócio desceu na minha garganta como se estivessem fazendo uma endoscopia com pano de chão dentro de mim, fiquei todo vermelho, mas não cuspi, engoli tudo para mostrar ao meu pai que eu era duro na queda. Naquela altura eu já tinha ideia do presente que o meu iria me dar, ele queria que eu perdesse o cabaço, e só em pensar nisso eu comecei a ficar com um frio na barriga, que era esquentado lentamente pela dose daquele troço que me dera.

— Pronto, acho que ela chegou.

Disse o meu pai referindo-se ao tal "presente", e eu rapidamente tomei mais um gole pra criar coragem de encarar. A cafetina chega para o meu pai e diz:

— O presente do seu filho adoeceu, mas mande-o escolher qualquer moça aqui da casa que eu vou dar de graça pra ele comemorar seu aniversário.

O meu pai fica meio chateado, pois havia escolhido o tal presente há uns dois dias atrás por achar que era perfeita para mim, então ele olha no canto do escritório da cafetina e vê uma mulher muito linda, aparentemente não estava no prostíbulo há muito tempo.

— Pois eu quero aquela.

Aponta o meu pai para a tal moça enquanto a cafetina retruca:

— Não, aquela é Monalisa. Chegou ontem do Cariri. Disse que trepou só duas vezes com o seu ex-namorado e estamos ainda iniciando. Ela não tem muita experiência.

O meu pai fica animado.

— É essa mesmo, ela vai ser o presente do meu filho, é bom que eles aprendam junto.

A cafetina tenta argumenta mais uma vez, mas o meu pai é irredutível e já foi logo chamando a tal Monalisa. Ela aparentava pouco mais de 19 anos e era muito tímida, pois vinha de um pequeno vilarejo nas proximidades da cidade do Crato. O meu pai me pega pelo braço junto com a Monalisa e somos encaminhados para o melhor quarto do prostíbulo. Lembro que tinha até um ventilador que não rodava e uma garrafa de refrigerante cheia de água, no canto do pequeno quarto uma rede e um colchonete, e perto da porta uma bacia d'água e um caneco de lata para os clientes se lavarem após terminar o "serviço".

Então armei a rede e sentamos um ao lado do outro. Eu fiquei muito nervoso, e a Monalisa parecia admirada com a minha idade, mas envergonhada.

— Eu não vou fazer nada que você não queira.

Falei educadamente igualzinho a um filme que vi certa vez.

— Não tem problema, eu só tô com um pouco de vergonha, mas eu gostei de você.

Disse Monalisa docemente olhando em meus olhos.

Não era possível, eu não iria conseguir.

— Eu preciso de mais uma dose de zinebra.

Falei baixinho...

— Você é virgem?

Perguntou tocando em meus joelhos.

Nossos olhos se fitaram novamente e ela me beijou demoradamente. Lembro-me como hoje daquele momento. Após o beijo ela prontamente apaga as luzes, mas o telhado cheio de goteiras dava um efeito muito romântico, como se fosse uma penumbra no escurinho do cinema e a sua silhueta traduzia o mais puro prazer, eu via o desenho de seu corpo que traduzia a perfeição e o desejo ardente em meu coração. O céu estava claro, a lua quase dourada e a sua luz entrava no quarto pelas frestas da porta e os buracos no telhado. Ah! Os buracos no telhado!

Eu e ela ali sentados na rede, nos beijando apaixonadamente como se fossemos namorados de muito tempo. Nem mesmo os gritos alucinados dos quartos vizinhos nos atrapalharam ou inibiram, na verdade, naquele momento só existia nós dois. Eu não via mais nada, eu não falava mais nada, eu não ouvia mais nada. Apenas sentia a sua pele, suave, macia, apetitosa e seus lábios suculentos como peras recém-colhidas do campo ainda com o orvalho em sua pele. Ela então levanta o vestido e põe a minha mão em seus seios. Tomo um susto, mas eu a toco de leve, sinto o macio de sua pele e com a outra mão afago suas costas como se fossem mangas maduras com um cheiro adocicado e suculento que nem sei explicar.

Eu não sabia como começar, então parei um instante o beijo e olhei para o seu corpo esguio. Decidi pôr as mãos sobre a sua coxa macia.

— Meu Deus como é bom!

Sussurrei em seus ouvidos e imaginei que sem a bendita zinebra eu jamais teria sido capaz, aquela altura eu já estava meio tonto.

 — Obrigado meu pai.

Pensei comigo mesmo.

Sentia medo apesar de tudo.

O meu coração batia desesperadamente, enquanto ela, bem lentamente, se sentava no chão, abaixava as minhas calças e colocava a camisinha, algo que eu nem havia lembrado, e finalmente eu me debruçava sobre o seu corpo quente e molhado de suor naquela noite de verão. Ali mesmo no chão, senti a firmeza de suas pernas a se enrolar nas minhas que tremiam, mesmo eu fazendo força para que não, enquanto cada vez mais ela ia procurando se encaixar em mim, que apenas era guiado por aquele momento de pura excitação. Após alguns segundos de tensão, eu consegui finalmente. Estávamos conectados um no corpo do outro, eu nunca havia sentido algo tão bom, tão quente, tão aconchegante, então tudo melhorou. Pelo menos por alguns instantes eu era o seu homem e ela era a minha mulher. Deitamos-nos novamente na rede, e em seu vai e vem nos amamos e em poucos minutos um líquido branco jorrou do meu membro. Tudo acabado.

— Já acabou bebê?

Perguntou-me docemente.

Eu estava no paraíso.

— Sim, desculpe, mas foi a minha primeira vez.

Falei meio com vergonha e cabisbaixo.

— Não peça desculpas, você foi maravilhoso.

Fiquei alí parado olhando para o telhado e a porta entreaberta.

— Nossa, eu adorei você.

Falou Monalisa mais uma vez. Eu apenas ria, e então fiquei curioso:

— Você se chama Monalisa mesmo ou é um apelido?

A interroguei.

 — Você é esperto meu bebê, é o meu apelido aqui na casa, não é o meu nome de verdade.

Disse docemente enquanto beijava o meu peito.

— Então você pode falar o seu nome de verdade?

Falei enquanto dava pequenas beijocas de leve em seu pescoço. Ela então responde:

— Roberto!


Autor: Bruno Kaoss

2 comentários:

  1. rsrsrs. muito interessante! todo o encamento entre o novo, o profano e despudoramento. se tornaram algo intrigante na cabeça do jovem. um toque sutil ao findo de tudo. nada parece o que deverás deveria ser, mas pode não ser tão ruim assim no final...

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